vendredi 21 janvier 2011

O Homem Elefante @ TéCA

A história de Joseph Merrick – inglês da segunda metade do século XIX, vítima de uma doença rara que lhe deformou cara e corpo – começou a ser imortalizada por David Bowie, que protagonizou a peça de Bernard Pomerance durante longos oito meses nos palcos da Broadway. Imortalizou-a definitivamente John Hurt, no filme de David Lynch que tinha por teaser uma das declarações de Merrick: “Eu não sou um elefante! Eu não sou um animal! Eu sou um ser humano! Eu sou… um homem!” Retomando um projecto gorado de Mário Viegas em que participava como actriz, Sandra Faleiro encena O Homem Elefante, descrevendo-nos a trajectória desta criatura que de atracção em freak shows passa a curiosidade da comunidade científica e, finalmente, a coqueluche do meio artístico e aristocrático. O espectáculo desencadeia um jogo de espelhos, privilegiando uma leitura mais alegórica que naturalista: ao revelar a humanidade que se esconde sob uma repulsiva monstruosidade, dá também a ver a subtil monstruosidade que radica sob uma aparência de normalidade… “Venham ver que eu monstro-vos.”

1974 @TNSJ

O Teatro Meridional avista Portugal do alto de um promontório, o ano de 1974, ponto a partir do qual é possível, entre continuidades e rupturas, esboçar um antes e um depois na nossa história contemporânea. O Estado Novo, o 25 de Abril, a integração europeia e a “normalidade democrática” – matéria exposta para indagar, de uma forma mais evocativa do que ilustrativa, essa abstracção que leva o nome de “identidade portuguesa”. E como vem sendo habitual no trabalho deste colectivo (recordemos Para Além do Tejo e Por Detrás dos Montes), essa indagação faz-se por via de uma contida e expressiva rede de gestos e músicas, que quase prescinde da palavra para comunicar. Onze actores contam então com o corpo o tempo e o modo deste país eternamente adiado, levantando pequenas fábulas sobre a “efemeridade da utopia”, para pegarmos nas palavras do encenador Miguel Seabra, esse superlativo orquestrador de sentidos. Com 1974, retomamos contacto com o Meridional num momento particularmente feliz do seu percurso: foi distinguido em 2010 com o XII Prémio Europa Novas Realidades Teatrais, atribuído pela União dos Teatros da Europa.

dimanche 16 janvier 2011

dimanche 9 janvier 2011